quinta-feira, 31 de julho de 2014

E Afinal de Contas, Quem Sou Eu?

Indefinido Diário,

Já passou mais ou menos um mês e você pôde (o acento diferencial no verbo poder ainda existe?) perceber uma pequena mudança nos meus hábitos. Estou mais solta e lidando melhor com minha incipiente feminilidade, mas, porém, todavia, contudo, quando me olho no espelho quando acordo, que decepção! Logo eu, um legítimo exemplar de um homem das cavernas, um Toni Ramos gordo, resolve ser menina???
Depois destes eventos do último fim de semana, entre várias comemorações pela minha coragem etc, algo começou a caraminholar no meu cocoruto: e afinal de contas, o que eu pretendo para minha vida? Já que aquele foi um evento mágico e eu agora quero este evento mágico sempre, logo, devo fazer com que isso aconteça mais e mais vezes... mas aí teria outro pequeno problema: serei sempre um menino de vestido, uma pequena aberração ambulante? Ou deveria me feminilizar cada vez mais, em busca da Vanessa perdida?
Os (principalmente as) partidários (as) desta segunda tese começam a me seduzir cada vez mais com argumentos mais irresistíveis...
Será que adiantaria dizer que sou um chefe de família, um filho amantíssimo, um esposo zeloso? Ou será que nenhuma destas imagens se combina com a Vanessa que aqui escreve?
Será que adiantaria dizer que eu tenho o maior medo do mundo em magoar as três pessoas que eu mais quero bem na vida (não, Laura Pausini não está nesta Santíssima Trindade...), a saber: meus pais e minha senhora?
Será que adiantaria dizer que sou uma pessoa que morre de vergonha de ser apontada em público, que não tem jogo de cintura para quase nada na vida (bem, também nem tanto, acho que consigo improvisar um pouco...) e que, librianamente, depende absurdamente da opinião dos outros para ser feliz?
Será que adiantaria...?
Será que...?
Será...?
Se...?
...?
Veja você que curioso é a vida: o meu maior prazer na vida é ser menina, seja lá como, mas arrumo mil e um "serás" racionais para manter o meu status quo. Mas até que ponto estes freios vão conseguir me parar? A partir de qual momento eles começarão a ficar gastos?
Veja, por exemplo, a questão da vergonha: quando estava na fila do ônibus, vi uma menina me olhando com cara de espanto e rindo, e me apontou com a cabeça, ainda que discretamente (meninos, eu vi!) para o homem que estava com ela. Fiquei, obviamente, cismada (se bem que, naquela situação, não deveria muito ter esse direito...), mas depois pensei: eu nunca mais vou ver essa criatura na minha frente, então, porque eu daria poder para essa pessoa, que nunca mais verei, ditar minhas regras de comportamento, o que eu devo fazer, vestir, etc?
E aí, meu crítico Diário, eu lhe digo: ainda que esteja apenas no look "menino de vestido", ainda que doa ser o alvo involuntário de olhares atravessados, eu já começo a desenvolver anticorpos contra a opinião alheia. E neste sentido, ainda que eu vire um abajur (entendedores entenderão!), ainda serei um abajur com opinião própria.
Mas isso tudo é fruto de exercício e desenvolvimento de auto-estima. Auto-estima por entender que não sou apenas um menino de vestido. Sou um menino de vestido (ainda!) com qualidades que Vanessa herdará e saberá usar muito bem. Talvez, eu até diria, um ser humano menos hipócrita, mais leve e mais feliz.
Como você pode reparar, assustado Diário, o freio da opinião pública começa a se desgastar...
Aonde isso vai levar?
Assistam as cenas dos próximos capítulos (já que a mulherada gosta, né? Entendidas entenderão...)

Um comentário:

  1. NInguém imagina que na intimidade uso calcinhas e enfio consolos no meu cu.
    Procuro mulher fogosa para inversão ou casal liberal.
    cdbaixinha@gmail.com
    Contato inicial pelo e mail acima

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