No meu caso também. Casei-me quando Vanessa era uma menininha de apenas quatro aninhos, no final de 2010 e, neste período, devo reconhecer que, mais do que ninguém, mais do que qualquer tratado, livro, mandinga, conselho de auto-ajuda ou coisa que o valha, minha amável, compreensiva e, vá lá, excêntrica senhora teve um papel primordial para a minha auto-estima tão combalida e combatida por sentimento de culpa por ser internamente alguma coisa diferente de mim externamente.
E, aos poucos (e quando falo aos poucos é aos pooooooucos mesmo, lenta, gradual e segura, comecei a colocar as asinhas de fora: a galinácea queria voar, bater asas, mas ainda não era tempo... mesmo assim, vivemos alguns momentos digamos, pitorescos...)
Como o daquela vez que entramos numa loja de departamentos e escolhemos dois vestidos para mim, com a conveniente e cara-de-pau desculpa de que serviria para o Carnaval (tenho eles dois ainda hoje...). Um deles, realmente, chegou a ser usado num baile de carnaval, e, quando saí do baile com ela vestida, atraindo olhares que gritavam mais "Que p... é essa" do que galanteadores assobios, pude perceber o quão monstrenga eu era àquela época. E hoje, confesso, ainda não fico muito longe disso, mas, pelo menos, acredito que sei escolher melhor minhas roupas...
Sim, também tive momentos difíceis, como uma sem-quê-nem-pra-quê crise de choro que tive ao final de uma viagem com ela em que, gozando da maravilhosa intimidade de dormir alguns dias com ela de camisola, me lamentava pelo fim da aventura...
Aqui cabe um parêntese: por pior que seja a minha situação, foram raras as vezes que tive crises quanto a isso, de querer se voltar contra Deus ou o Diabo ou quem quer que seja por esta minha situação: a responsabilidade era minha e o desejo de permanecer assim também é meu. Fecho o parêntese.
Assim, naquele final de 2010 estava me casando com aquela que, antes mesmo de mim, acreditou em primeiro lugar na Vanessa e na sua viabilidade. Se hoje tamborilo nas teclas deste computador escrevendo estas cousas, é porque devo a ela toda a coragem de me expor para toda a blogosfera, e relatar um pouco da minha atribulada, mas, confesso também, deliciosa história...
Razão pela qual evoco mais uma vez uma canção, mais uma vez de Céline Dion (Laureta que me perdoe: você sabe que você escreveu a trilha sonora da minha vida, mas existem algumas canções que sabem exprimir melhor o que sentimos do que nossas pobres palavras, e esta, com certeza, é uma delas... Listen and enjoy!)
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