sábado, 5 de julho de 2014

A Construção (Bem-Acabada) De Uma Personagem

Como os mais atentos leitores podem aferir, dedico-me agora a postar as influências femininas na construção da minha personalidade feminina: Laura Pausini, Nova, revistas femininas em geral, comédias românticas (posso listar vááááárias aqui...) e a qual conclusão chegamos?
Concluo da seguinte forma: hoje, se por algum aborto da natureza (embora os mais ortodoxos possam entender que a Vanessa em si já seria uma destas aberrações), eu resolvesse desistir pra todo o sempre de Vanessa eu teria que me reinventar por completo. Sim, pois deixaria de escutar LP como sempre escuto, de ler a Nova como sempre leio, de ver filmes-românticos-água-com-açúcar o tempo todo (e isso sem falar do único seriado que acompanhei regularmente, o também mulherzinha "Gilmore Girls", a.k.a. no Brasil como "Tal Mãe Tal Filha", passava às vezes no Boomerang e no SBT, segundo consta). E isso sem contar no abandono sumário da minha incipiente coleção de camisolas e outras peças femininas de menor cotação, como vestidos, saias, etc. E a reconstrução de uma personalidade a essa altura do campeonato convenhamos, é gigantesca...
Considere, amável diário, o seguinte: eu criei uma personagem (Vanessa) e depois um mundo ao redor dela para que não se sentisse estranha ou deslocada em sua feminilidade. Destruir isso significaria para mim simplesmente uma bem sucedida castração do que eu sinto e vivo até hoje, uma mal-disfarçada lavagem cerebral para agradar uma sociedade ou meia dúzia de pessoas cuja opinião efetivamente não levaria em conta e vice-versa. E, principalmente, soaria falso para mim e para com Aquele que me criou, ainda que desta maneira e que desejou que minha cruz fosse exatamente esta: cruz não no sentido de sacrifício ou fardo, mas de missão de me entender por qual causa, razão, motivo ou circunstância (feat. Professor Girafales) eu vim a este mundo como CD. Como mui acertadamente cantou Caetano, cada um sabe a dor e a delícia de ser como é...
Esta é, em suma, a razão pela qual nunca quis destruir o castelo da Princesa Vanessa: em nome da minha individualidade. Abro e abri mão de muitas coisas nesta vida, mas disto não. Eu perderia a minha alma e teria o caos em troca.
E é nessas horas que esta música do Pato Fu sempre me lembra que eu tomei a decisão certa:


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