Sei que estou devendo há pelo menos dois posts o tema da coragem, para ser lido conjuntamente com a liberdade que falei anteriormente, Interrompi a sequência para atender minha amiga em suas dúvidas altamente percucientes sobre cds, trans, travestis e orientações de gênero e sexuais. Agora vamos falar da tal da coragem, mas introduzindo o assunto com algo que me ocorreu hoje mesmo e que vai servir de desenvolvimento para o próximo post...
Esta semana, em especial ontem, fiquei agoniada por conta de um vestido que vi retornando para casa, numa feirinha no Centro. Ele é a versão, em vestido, de uma saia colorida que comprei em Friburgo, cujas cores achei tão alegres (listras horizontais em preto, amarelo e coral) que fiquei com ele na cabeça ontem o dia inteirinho...).
Na verdade, pretendia gastar em Friburgo, especificamente em leggings e talvez em algum vestido riponga (da série "nunca diga nunca", justo eu, que abominava vestidos hippies...), mas vi nesta feira dois vestidos que me encantavam, mas, como estava sem dinheiro, ia e voltava, namorava e voltava...
Hoje tomei coragem e fui atrás dos dois, custe o que custar (nem que fizesse empréstimo no banco eu levaria os dois de qualquer maneira...). Fui na primeira barraca ver um vestido (que combinaria lindamente com minha legging, ai ai) preto com estampas, fiquei sem jeito para pegar o mesmo, até que fui convidada para provar, se quisesse (acho que no fundo a vendedora não acreditou neste papo de que seria para minha senhora...). Provei e minha barriga logo tratou de me mostrar a cruel realidade dos fatos: a barriga ficou muito saliente...
Sobrou o vestido dos meus sonhos: fui no stand ao lado (depois de ziguezaguear pela feira) ao que fui atendida pela senhorinha que me convenceu a todo custo que a malha estica e que ficaria bem no corpo da minha senhora. Mas o argumento fatal foi ela querer parcelar em duas vezes no cartão o que ela até ontem parcelaria somente em uma ("mas, como o homem não está aí, eu faço pra você..."). Quando estava quase comprando, finalmente soltei que era pra mim e perguntei se poderia provar. Entrei no provador minúsculo e minha barriga novamente quis dar uma de desmancha-prazeres, mas a elasticidade da malha me garantia: pode comprar, patroa, que eu seguro as pontas aqui...).
Comprei, enfim, o vestido.
E descobri que a tal loja vende... roupas ripongas...
Fica a dica para a próxima compra. Tornei-me amiga da senhorinha (que vestia um longo também, dizendo que adorava eles - desta vez a máxima "casa de ferreiro espeto de pau" não se confirmou), e comentava com ela que gostava de longos e leggings também, e que me sinto bem de usar etc e tal mas que não usava muito por aqui e sim em outros lugares, ao que ela fez um muxoxo e disse: "ah, besteira..." Inquirida por mim sobre o que seria a tal besteira, ela respondeu: "ah, você deve se vestir do jeito que você quiser..."
Na hora, confesso, achei que fosse um delírio libertário dela. Mas parei para pensar quando já estava no ônibus, voltando pra casa, feliz com meu vestido (devidamente em meu corpo desde depois do banho que tomei, ao invés de colocar minha já tradicional camisolinha...). Aliás, estou escrevendo estes posts de hoje com ele e, devo admitir que ele ficou um pouco apertado, inclusive com uma indiscreta saliência revelando o Sr, Pinto (se ele fosse uma coisinha só maior estaria melhor, mas amei ele assim mesmo: compro um modelador ou escondo ele e saio pra rua assim, bela, formosa e pimpona. Espera aí, eu li direito, diria o leitor, sair pra rua?)
Volto ao ônibus encerrando este post e abrindo já o outro, antes que algum tema paralelo me tome a coragem de escrever sobre a coragem. No ônibus pensei: "espera aí, e se a senhorinha estiver certa quanto a este assunto? O que me impediria de estar voltando pra casa com minha mais nova aquisição enfiada no meu corpo?"
Resposta no próximo post...
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