Relativo Diário,
Aqui na rua onde moro circulam algumas pessoas, digamos, no mínimos, notáveis. Para o que nos interessa no momento, temos um travesti atraente, que já me cortou aquilo que comumente a plebe chama de cabelo por duas vezes (e que descobri - olha a graça libriana aí gente! - que faz aniversário no mesmo dia que esta blogueira...).
E também tem uma figura que hoje me fez refletir um pouco. Cerca de uns setecentos gramas mais leve após mais um corte daquilo que antigamente se chamava meu cabelo, voltava eu para o conforto de meu lar e para o aconchego de minha senhora quando vejo uma personagem bastante curiosa. Explico.
Trata-se de um homem magro, franzino, baixinho até, com, acho, seus trinta para quarenta anos e portador de uma voz um tanto quanto esganiçada. Ele sempre anda com um cachorrinho a tiracolo, andando para lá e para cá. Não sei o nome dele, nem o que faz da vida. Mas o mais curioso disso tudo é que ele anda para lá e para cá com o tal cachorrinho mas vestido de mulher! (alguém aí falou #vanessafeelings?). Seja com uma legging (#vanessafeelings parte II), seja com um top (não, baby, tenho mais de 80. Quilos, não anos), com uma touca na cabeça, brincos e trejeitos femininos, esta criatura, que aparentemente não faz mal a ninguém perambula pela minha rua e pelas ruas vizinhas, e a vizinhança, talvez anestesiada, ou acostumada, pela visão, não lhe dá a mínima bola. Até já vi em certos casos interagir, tanto com ele quanto com o canino em questão, objeto de seus mais profundos afetos.
Aí, Diário, penso eu: quão longe eu estaria dessa situação? Não, definitivamente não é uma situação que invejaria (menos pelo cachorro, mais pela aparência caricatural que a situação se apresenta). Desconfio que a pessoa em questão é um tanto quanto doidinha (Não, não se pode atribuir isso ao seu vestuário, senão, estaria digitando diretamente do Pinel o Diário de uma Crossdresser Surtada). Mas penso que, no dia em que chutar o pau da barraca, vai ser para virar de vez mesmo, com tudo o que Vanessinha teria direito, e não apenas no estágio intermediário que meu vizinho aparenta estar agora, seja por falta de dinheiro, de perspectiva ou mesmo de um parafuso em sua cabeça.
Mas que, diante das oportunidades que a vida me reserva neste atual momento, respondo a pergunta lá de cima: minha situação não difere muito da dele... mas pelo menos, posso acrescentar o tal do "por enquanto"...
P.S. 1: A propósito, já ia esquecendo: ele hoje estava com uma roupa unissex. Talvez efeito do frio. O que demonstra também que ele pode ser doido, mas não periguete...
P.S. 2: Outra pergunta que me faço: quão feliz ele é hoje, vestido e comportado como imagina estar? Certamente melhor do que muitos que conheço, a começar pela autora destas linhas passando por vários que leem este post right now. No fundo, certo está é São Paulo quando afirma em uma de suas Cartas de Coríntios que "a sabedoria dos homens é loucura diante de Deus"... Até quando serei (seremos) sábia(s)?
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