sábado, 18 de abril de 2015

La Felicità

Diário,

Provavelmente muitas pessoas que me conhecem ainda não sabem da novidade, e saberão apenas por este post, e se surpreenderão talvez apenas por saberem aqui: sabe aquele post anterior? Pois é, ele foi escrito de forma atrasada deliberadamente. E isso porque, como falei nele antes, a sabiazinha voltou para a gaiola, ou seja, a opção escolhida voltou a ser a 1, ou seja, estou novamente empregada.
Onde, como, quando é desnecessário dizer aqui. Talvez o mais significativo foi o sinal que tive no dia em que soube. Explico.
Fui fazer uma audiência curiosamente na mesma cidade que havia dois processos que significaram minha queda no escritório anterior. Acordei cedo, mais do que o costume, e me dirigi para a Rodoviária (ah, e antes que me esqueça, detalhe importante: eu estava infelizmente dressed as a man, enfim, coisas da vida...), meio triste, macambúzia, pensando um tanto quanto na vida quando de repente, não mais que de repente, vi-me cantando uma cançãozinha velha, esquecida nos porões do meu inconsciente, do CD que reputo o mais fraquinho dela. Sim, falo da minha, da sua, da nossa querida e amada salve-salve Laura Pausini. Ontem procurei no iutubi algum vídeo com a tradução dela, não achei. Restou apenas colocar a letra após o vídeo, o que farei quando terminar de escrever aqui...
A canção, advirto, soou profética, porque horas mais tarde recebi a confirmação de que estaria dentro, ou seja, voltava feliz, bela e fofinha para a gaiolinha, maaaaaaassss... desta vez extraí algumas lições digamos necessárias neste meu minissabático forçado... a de que a tal da revolução que o hexagrama 49 me prometeu apenas começou e que os passos 2, 3 e 4 listados no post anterior podem - e devem - ser aplicados enquanto eu estiver na gaiolinha. Na verdade, é para estes passos serem a própria destruição da gaiolinha, o próprio desabrochar da borboleta... enfim, é isso...
Fiquem agora com a música. Vejam se não soou profética, justamente às seis da manhã de uma despretensiosa quinta-feira de um abril qualquer...


Eis a letra e a tradução:

La Felicità
Quando l'alba dalla notte uscirà
di rubino il cielo colorerà
felicità
tu vivi là
Quando un tempo buono tu troverai
quando un vento nuovo respirerai
felicità
tu sarai li
nascosta in mezzo ai battiti
cosa darei per incontrarti
Felicità
forse sei qui
sento che tu mi stai cercando, ed ho i brividi
di Felicità
se fosse qui
esattamente ti vorrei così
Ali grandi di farfalla verrà
sopra la tua spalla si poserà
felicità
sarai così
leggera in mezzo algi attimi
cosa darei per ritrovarti ora
cosa ti darei
Felicità
forse sei qui
io sento vivere i miei
giorni ed ho i brividi
di Felicità
se tu sei qui
immensamente ti vorrei così
immensamente qui
per ritrovarci liberi
in questa oscurità
per cancellare i lividi sarà
Felicità
forse sei qui
sento che tu mi stai cercando, ed ho i brividi
questa oscurità
per cancellare i lividi sarà
Felicità
forse sei qui
io sento vivere i miei giorni, ed ho i brividi
di Felicità
se tu sei qui
immensamente ti vorrei
Felicità
ora sei qui
sento che tu mi stai cercando
A Felicidade (tradução)
Quando o início da noite partir
De rubi o céu irá se colorir
Felicidade
Você vivi lá
Quando um tempo bom você encontrar
Quando um vento novo respirar
Felicidade
Você estará ali
Escondida em meio às pulsações
Darei qualquer coisa para lhe encontrar 
FELICIDADE
Talvez esteja aqui
Sinto que você está me procurando, e tenho os arrepios
De FELICIDADE 
Se estivesse aqui
Exatamente lhe desejaria assim
Asas grandes de borboleta verá
Sobre o seu ombro pousarão
Felicidade 
Será assim
Veloz em meio aos momentos
Darei qualquer coisa para reencontrar-lhe agora
Qualquer coisa lhe darei
FELICIDADE 
Talvez esteja aqui
Eu sinto viver os meus
Dias e tenho os momentos
De FELICIDADE
Se você estiver aqui
Lhe queria muito assim
Imensamente aqui
Para reencontrar-se livre
Nesta escuridão
Para eliminar as marcas será
FELICIDADE
Talvez esteja aqui
Sinto que você está me procurando, e tenho os arrepios
FELICIDADE Se você estiver aqui
Lhe queria muito
FELICIDADE
Talvez esteja aqui
Eu sinto viver os meus dias, e tenho os arrepios
FELICIDADE 
Se você estiver aqui
Lhe queria muito
FELICIDADE
Agora está aqui 
Sinto que você está me procurando.









Link: http://www.vagalume.com.br/laura-pausini/la-felicita-traducao.html#ixzz3Xj5S0kLf




E A Revolução, Cumé Qui Fica?

Revolucionário Diário,

Após alguns posts sem falar disso, voltemos a falar da tal Revolução (leiam meus posts recentes sobre o I Ching que vocês saberão o que eu quero dizer...)
Bom, estando desempregada e matutando diuturnamente sobre o tema, cheguei a quatro brilhantes conclusões a meu respeito em termos pessoais/profissionais, e que os posts seguintes ajudarão a entender melhor o que poderá acontecer nos próximos capítulos:
Sua Vanessa pode se tornar:
1. Advogada normal trabalhando num escritório normal: vantagem: fixo na conta todo final de mês. Desvantagem: ficar presa a uma situação que a médio e longo prazo pode te fazer infeliz;
2. Advogada free lancer fazendo free lances: vantagem: maior liberdade para fazer o que quer. Desvantagem: Demorar a arrumar uma carteira confiável de clientes;
As opções 3 e 4 são as mais depiroquées: (perdoem o neogalicismo):
3. Procurar viver como Vanessa e trabalhar com moda. Vantagem: ainda pergunta? Desvantagem: ainda pergunta? parte II (brincadeira! Respectivamente: trabalhar com algo que realmente gosto e demorar para arrumar uma clientela apta a ingressar na FAVAPACO (Fundação Ajude a Vanessa a Pagar suas Contas).
4. Procurar viver como Vanessa e virar escritora. Vantagem: pegar todo mundo de surpresa com minhas histórias e minha identidade (e finalmente dar ouvidos a muita gente que acha que eu tenho talento para a coisa). Desvantagem: Demorar a arrumar alguma editora tão louca que resolva comprar essa minha ideia e que, da mesma forma que na opção 3, ingresse graciosa e voluntariamente na FAVAPACO.
Bom, estas foram as opções que entendi serem as melhores para mim. Com certeza a mais segura seria a 1, mas poderia me fazer mais infeliz, tal qual uma sabiazinha numa gaiola. A 2 seria mais interessante e me permitiria certas liberdades no meu trajar no dia a dia (que minha senhora não leia isso!). A 3 seria boa, mas minha recente experiência como brechozeira me desanimou a continuar (me cobrem de falar sobre isso). E, por fim, a 4 seria la créme de la créme, ou seja, a que me traria maior dose de felicidade e realização, Mas, por enquanto, pena ser tão utópica... mas eu escrevi "por enquanto"...
Então, o hexagrama 49 que me perdoe, mas por enquanto de revolucionária minha posição não tem nada, ou quase nada... talvez apenas e tão somente o reconhecimento da minha situação atual e do que eu posso efetivamente fazer em termos profissionais que me levem à realização pessoal e vice-versa.
Talvez seja um começo.
E é nisso que vou me dedicar...
Próximo post, please!

PS.: O depiroqué acima escrito seria uma versão do nosso popularíssimo "despirocado"... vocês entenderam o que eu quis dizer...

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Mais Um Comentário... E O Comentário Ao Comentário...

Diário,

Como prova do que falei no post anterior, veja este daqui:

"Oi minha amiga.. um comentário matinal sobre seu último post no blog... Você se pergunta como pode inspirar alguém com o que escreve, e eu te respondo: apenas escrevendo, apenas expondo suas dúvidas.. muitas vezes - e vou ampliar um pouco a visão - a situação das pessoas é tão dolorosa e elas estão tão na dúvida, que nem ao menos conseguem admitir pra si mesmas o que temem.. só de pensar, dói. E o modo leve e divertido com que você escreve, tira esse peso.
O que você escreve, da forma que escreve, é mais um trocar de ideias do que um depoimento... e isso é muito bom. Vc mostra que há outras pessoas com problemas, com dúvidas, com situações delicadas, dolorosas e que também buscam resolvê-las.. portanto, continue.. beijo"

Alguém gostaria de comentar? Pois vou eu então...
Não sei se você reparou, diário, mas a concepção deste blog saiu totalmente de seu propósito inicial. Minha ideia seria criar - pasme você - um blog de moda, como tantos outros que pipocam por aí e que já fizeram algumas das blogueiras mais destacadas serem capas de revista, como, se não me engano, Camila Coutinho e Thássia Neves (me perdoem se escrevi o nome de vocês errado, estou com preguiça de consultar em Pai Google de Aruanda). Só que o meu diferencial seria exatamente partir do ponto de vista de uma crossdresser, e gorda ainda por cima (termo politicamente incorreto para plus size, por que edulcorar certas verdades?)... ou seja, mais underground, impossível. Mas o que acabou se revelando aqui foi relatos e mais relatos de uma vida até certo ponto frustrado de alguém que não consegue viver como sempre imaginou ser. E o tal do DNA do blog acabou se alterando radicalmente...
Agora, sejam sinceras, vocês imaginam uma repaginada nesta página, no sentido de vocês abrirem o próximo post e se depararem com as tendências outono/inverno desta temporada? Ou sobre a despedida de Gisele Bündchen das passarelas? Juro, era isso, exatamente isso que eu queria fazer... e talvez um dia faça... afinal, não entupo minha casa com Cosmopolitans (a.k.a. Nova), Glamours (ainda estou devendo um post sobre esta minha nova paixão em termos de revista), Elles e Vogues à toa... o meu consolo é saber que o You Tube, por exemplo, nasceu como um despretensioso site de encontros amorosos e veja o que ele se tornou...
Feitas tais considerações, prossigo.
Como acredito ter falado isso anteriormente, antigamente eu não considerava meu crossdressismo (perdoai o neologismo..) como parte integrante de minha personalidade, de meu eu. Eu achava que isso deveria ser colocado para debaixo do tapete mental de nossas vergonhas inconfessáveis... mas eu vi que isso de pouco adiantaria, porque o tapete continuaria lá, gordinho, encobrindo o que de pior ou mais vergonhoso trazemos dentro de nós, aquilo que não gostaríamos de confessar, ou reconhecer, nem mesmo a Deus... quanto mais a parentes e amigos...
Mas aí é que está o pulo do gato. Vamos nós nos esconder de Deus, tal qual Cains amedrontados após o assassinato de Abel? Vai adiantar isso?
Certa feita, vi uma entrevista interessantíssima com Clodovil (alguém lembra?) em que ele, com a simplicidade de sempre dizia que no dia que ele morresse e fosse ao céu, ou a algo parecido, chegaria para Deus e perguntaria para Ele a razão de tê-lo feito assim. Mas de uma forma sem raiva, sem cobrança, na curiosidade mesmo. Isso, minhas muitas senhoras e meus parcos senhores, é o que eu digo que é viver sem culpa, sem remorso por ser simplesmente ele mesmo. Algo que eu (ainda) não consigo alcançar, mas que, passo a passo, vou conseguir...
Em Dom Casmurro o genial Machado de Assis (que seja ele sempre louvado no céu da Literatura Universal) coloca na pena de Bentinho a razão para escrever aquele relato, o de atar as duas pontas da vida, a mocidade e a maturidade, em uma coisa só. É mais ou menos o que pretendo fazer aqui: jogar luzes a um aspecto da minha personalidade tão abafada e maltratada durante tanto tempo e atar, na medida do possível, este aspecto da minha personalidade à minha personalidade integral, a ponto de poder dizer, sem vergonha nenhuma, que eu, (...) (confesso que por muito pouco não coloquei meu nome real aqui, ráááá, pegadinha da Malandra!!!) sou assim, assim, assada e também crossdresser. Sem orgulho. Sem pena. Sem culpa. Apenas sendo.
E por fim: não queiram me tomar como modelo de nada. Não sou, nunca fui e não pretendo ser exemplo pra ninguém. Não aguento eu carregar minha cruz, preciso de vários Cirineus ao longo da vida, vou lá ensinar a carregar a cruz dos outros? Sou um exemplo de covardia, não é à toa que este blog nasceu no Dia de São Pedro do ano passado: São Pedro era o mais covarde dos apóstolos, o mais, se me perdoem o termo, joselito deles (duvidam? Contem as passagens em que ou ele fala besteiras junto de Cristo ou é por Ele mesmo repreendido... ele só acertou na bucha uma vez e mesmo assim Cristo disse para ele ficar quieto... choses de la vie...). Mas também era o que mais O amava (com todo respeito ao que a tradição fala sobre João Evangelista) e o que mais se esforçava para segui-lo.
Em suma, uma síntese do que seria o ser humano em busca da Verdade.
Da sua Verdade.
Carregando sua Cruz.
E é o que sua Vanessinha aqui pretende ser e mostrar aqui.
Porque o resto é tão passageiro quanto um blog de moda!

Prestem atenção no trecho a partir de 0:47...






Do Centésimo Post

Centésimo Diário!

Hoje viro a sua centésima folha! Cem posts! E num intervalo menor que um ano, para você ver o tamanho da preguiça de sua amiga aqui... bom, preguiiiiça não seria bem o termo, diria mais algumas questiúnculas que me travaram e me impediram de escrever... mas, mesmo assim, é gratificante saber que ainda assim levamos este blog no peito (sem trocadilho...) e na raça, apesar de todos os pesares... e agradecer a todos e principalmente todas que me aturaram nestes dias... prometo-vos mais... se tem gente comparando minhas peripécias a um grande enredo de novela chicklit, então história é que não vai faltar agora, justo agora que minhas asinhas insistem em não ficarem mais escondidas... o que, convenhamos, é bastante perigoso, tanto para o bem como para o mal... mas isso é assunto para outros posts, não este, que é de festa, confraternização e gratidão por todo o feedback recebido de todas vocês, que insistem em achar matéria que se aproveite neste blog... querem ver? Pode vir o centésimo primeiro post, please?

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Para Reflexão...

Reflexivo Diário,

Hoje comecei a ler um livro da Martha Medeiros... não tenho muita coisa escrita dela, só o "Feliz Por Nada" e esse agora, que baixei no meu Kobo (abençoado seja o criador dos livros digitais, só ele pôde fazer com que eu baixasse vááários livros de graça na internet, economizando horrores em livros, podendo realocar esta verba em vestidos, saias e, enfim, vocês entenderam...), chamado "A Graça da Coisa". Logo um dos primeiros textos me chamou a atenção por duas coisas:

1. Certa feita, uma amiga minha comentou que leu um texto dela que viu que era a minha cara. Seria esse?

2. Ao ler o texto me lembrei de outro comentário de outra amiga que, infelicitando-se pela minha situação (até já tive oportunidade de escrever sobre isso antes), disse que eu não me sentia completo... se bem que, no caso, o texto aponta para outra direção...

Bom, leiam, reflitam e vejam se somente sua amiga Vanessinha pode ser considerada assim. Como o alcance deste blógui é bem restrito, desconfio que a Martha Medeiros não deva se opor à publicação deste trecho, que serve aqui como uma homenagem e um ponto de reflexão para todas nós. Vai lá:

"Amputações

Quando o filme 127 horas estreou no cinema, resisti à tentação de assisti-lo. Achei que a cena da amputação do braço, filmada com extremo realismo, não faria bem para meu estômago. Mas agora que saiu em DVD, corri para a locadora. Em casa eu estaria livre de dar vexame. Quando a famosa cena se iniciasse, bastaria dar um passeio até à cozinha, tomar um copo d´água, conferir as mensagens no celular, e então voltar para a frente da tevê quando a desgraceira estivesse consumada. Foi o que fiz.
O corte, o tão famigerado corte, no entanto, faz parte da solução, não do problema. São cinco minutos de racionalidade, bravura e dor extrema, mas é também um ato de libertação, a verdadeira parte feliz do filme, ainda que tenhamos dificuldade de aceitar que a felicidade pode ser dolorosa. É muito improvável que o que aconteceu com o Aron Ralston da vida real (interpretado no filme por James Franco) aconteça conosco também, e daquele jeito. Mas, metaforicamente, alguns homens e mulheres conhecem a experiência de ficar com um pedaço de si aprisionado, imóvel, apodrecendo, impedindo a continuidade da vida. Muitos tiveram a sua grande rocha para mover, e não conseguindo movê-la, foram obrigados a uma amputação dramática, porém necessária.
Sim, estamos falando de amores paralisantes, mas também de profissões que não deram retorno, de laços familiares que tivemos de romper, de raízes que resolvemos abandonar, cidades que deixamos. De tudo que é nosso, mas que teve de deixar de ser, na marra, em troca da nossa sobrevivência emocional. E física, também, já que insatisfação é algo que debilita.
Depois que vi o filme, passei a olhar para pessoas desconhecidas me perguntando: qual será a parte que lhes falta? Não o 'pedaço de mim' da música de Chico Buarque, aquela do filho que já partiu, mutilação mais arrasadora que há, mas as mutilações escolhidas, o toco de braço que tiveram de deixar para trás a fim de começarem uma nova vida. Se eu juntasse alguns transeuntes, aleatoriamente, duvido que encontrasse um que afirmasse: cheguei até aqui sem nenhuma amputação autoprovocada. Será? Talvez seja um sortudo. Mas é menos provável que tenha faltado coragem.
Às vezes o músculo está estendido, espichado, no limite: há um único nervo que nos mantém presos a algo que não nos serve mais, porém ainda nos pertence. Fazer o talho machuca. Dói de dar vertigem, de fazer desmaiar. E dói mais ainda porque se sabe que é irreversível. A partir dali, a vida recomeçará com uma ausência.
Mas é isso ou morrer aprisionado por uma pedra que não vai se mover sozinha. O tempo não vai mudar a situação. Ninguém vai aparecer par salvá-lo, 127 horas, 2.300 horas, 6.450 horas, 22.500 horas que se transformam em anos.
Cada um tem um cânion pelo qual se sente atraído. Não raro, é o mesmo cânion do qual é preciso escapar.

31 de julho de 2011"

Perfeito, não? Com o perdão do trocadilho, ela foi cirúrgica aqui... e é claaaaro que seguir-se-ão comentários meus nos próximos posts, mas, por enquanto, deixo para azamigas fazerem suas próprias reflexões (ou vocês acham que somente euzinha aqui é que tem partes gangrenadas na alma?)

Primeiros Comentários à Revolução (Seriam Os Últimos?)

Palpiteiro Diário,

Na minha chamada para o post passado ("Revolução?") que coloquei no feicibuqui, somente duas corajosas voluntárias se arriscaram a palpitar sobre a minha situação, sendo que, pelo que pude perceber aqui, desde o meu retorno foi este o post mais lido. A opinião mais contundente foi a seguinte:

"Baita questionamento... boa reflexão... porém só você saberá responder a se é chegada a hora dessa mudança que requer muita CORAGEM. E isso você tem de sobra... bj"

Apesar da opinião favorável, devo dizer mais uma vez que a questão da coragem não se aplica a mim, ainda... talvez o adjetivo esteja mais para desespero do que para coragem mesmo... se eu fosse a tal da Irmã Coragem já teria postado fotos minhas aqui, o que não ocorreu (de novo apelo ao advérbio: ainda).
Outro comentário que recebi de uma amiga tão fofa quanto a palpiteira acima comentou nos seguintes termos:

"Acho que está sendo bom para você, seus textos são ótimos e inspiram outras por meio de suas histórias. Agora livre das antigas amarras, sua narração parece mais leve"

Realmente, não consigo entender como minhas covardes histórias podem efetivamente inspirar alguém... minhas peripécias são anônimas, e somente minhas amigas sabem de minha verdadeira identidade, sabem que por trás do Clark Kent (#meudeusquepretensão) se esconde a Mulher Maravilha (#meudeusquepretensãoaoquadrado). Este blog, assim como outros artifícios que uso, servem apenas para eu tocar, ainda que levemente, no universo feminino que me é permitido ver somente através de revistas femininas e canções de Laura Pausini...

Neste ponto, pareço que estou vivendo um episódio da Caverna do Dragão (#quemlembra?). Se eu conseguir atravessar o portão mágico adeus blog, adeus toda a graça, adeus à corajosa, intrépida e divertida Vanessa Jones... ou não?

Iria perguntar isso para vocês, mas, como vocês estão muito quietas, vou me ensimesmar...




sábado, 11 de abril de 2015

Revolução?

Revolucionário Diário,

Bom, agora, onde entra a Revolução? Eu explico...
Quem me conhece razoavelmente sabe que não morro de amores por minha atual profissão. Ok, acho simpática, interessante, confere status, maaaaaaaassss porém, todavia, contudo, entretanto... nunca me encheu os olhos. E antes que alguém me acuse de masoquismo profissional explico: somente embarquei nesta com vistas a ser aprovado em um determinado concurso público que tentei umas três vezes, a.V (antes de Vanessa). Daí por diante, fiquei sem a vaga no concurso e com uma profissão para (me) sustentar...
Só que muitas coisas aconteceram, entre elas o meu sempre crescente processo de vanessização (neologismo criado por minha senhora, que, segundo ela, uma vez posta em marcha de maneira definitiva será o fim do nosso matrimônio... segundo ela, claro...) e a vontade de buscar outros ares profissionais...
Captaram onde estaria a revolução? Esta semana, uma amiga minha, compadecida da minha participação nas estatísticas nacionais de desemprego, sintetizou com rara felicidade a questão com apenas uma pergunta, que acredito ser retórica, pelo uatizapi. Respondi vagamente para ela na ocasião, aqui trato de responder (e espero que ela leie, pois a marcarei no post...) mais aprofundadamente. A pergunta foi a seguinte:

"E a ideia da Vanessa? Não seria essa a hora de mudar?"

Uma pergunta como esta cheira a pólvora queimada para mim... porque a grande questão é essa... mudança... que talvez só viesse definitiva com a realidade dando um tapa bem forte na minha cara nesta exata situação em que me acho agora. E olhe que esta minha amiga sempre foi muito reticente, conservadora, no que tange a qualquer mudança brusca em relação a isso... mas desta vez ela foi exatamente na mosca.

A revolução seria a mudança? A mudança seria a revolução? Ou, como ouvi décadas atrás, nos saudosos tempos de Armação Ilimitada (perdoem-me os leitores mais jovens, essa é pra quem esteve nos anos 80...): será que o dia é hoje, a hora é agora e o momento é já? Ou, como recomendaria o hexagrama, isso teria que aguardar o momento exato (quando mesmo, hein?) acompanhado da hercúlea tarefa de convencer a cada conhecido meu que o que estou fazendo é o mais certo para mim?

Aguardo respostas nos comentários, se possível...

Da Interpretação do I Ching

(De novo) Oracular Diário,

Voltando ao penúltimo post, façamos agora uma interpretação dos hexagramas do I Ching que saíram para mim no início deste ano. Quer a resposta? Vamos lá, aí você vai começar a entender a razão de eu ter voltado a lhe escrever...
Tudo corria bem, ou razoavelmente bem, ou melhor, esqueçamos os eufemismos, bem na medida do possível (tem amiga minha leitora deste blog que vai acenar positivamente com a cabeça ao ler isso) no meu antigo trabalho, até eu ter o direito de gozar de merecidas férias no último mês de março, em que salomonicamente dividi em duas partes, a primeira, viajei para o Sul e na segunda parte fiquei de bobeira aqui no Rio.
Aí, ironia das ironias, no dia primeiro de abril (não, estupefata leitora, eu não menti...) retornei ao trabalho apenas por aproximadamente duas horas. Neste intervalo, ouvi uma frase que ressoa nos meus incrédulos ouvidos até agora ("... então eu decidi também rescindir o seu contrato..."). Mais uma vez, mandando os eufemismos para longe, rescisão = demissão...
Fiquei anestesiada, e aos poucos a ficha do karaokê começou a cair insistentemente naquela canção de Maysa ("Meu Mundo Caiu...")...
Bom, dirá você, impaciente diário, o que isso tem a ver com o I Ching? Peço que leia de novo o Hexagrama 63 e compare com a situação que acabei de descrever...
O título dele é até profético... "Após o Fim...". Após o fim vem o quê? A Revolução (Hexagrama 49). É onde me encontro agora, exatamente agora, no olho do furacão, no centro da Revolução... Mas que revolução cara pálida? Ah, tem que te explicar tudo mesmo, é? Ah, vai para o próximo post que eu te explico...


Querido Diário...

Querido Diário,

Antes de continuarmos falando sobre o I Ching, permita-me um pequeno chiste...

Hoje eu acordei linda (só que não...)

Entendedoras entenderão...

Próximo post, please!

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Do I Ching

Oracular Diário,

Desculpa a falha em não escrever ontem. Na verdade, ressenti-me disso, agora que pretendo voltar com força total aqui nessa blogosfera...
Mas, se no post passado escusei-me contigo acerca de meu sumiço, e renovei os votos de contar tudo tintim-por-tintim o que estaria acontecendo com minha vida right now, é necessário que eu retome mais precisamente ao início do ano, em especial o início do ano em (onde mais poderia ser?) Nova Friburgo...
Pois foi lá que passei mais um Revéillon com minha senhora. E lá mais uma vez tive outra daquelas epifanias, desta vez graças ao I Ching...
Explico: o I Ching é o meu oráculo favorito, de origem chinesa, para prever o que irá acontecer no futuro perfeito, imperfeito, mais-que-perfeito ou do pretérito mesmo. Pois é, alguns jogam búzios, outros tarô, alguns outros runas... eu jogo I Ching, na base de três moedinhas pro alto, seis vezes, anoto as caras e as coroas, de acordo com as quantidades de cara e coroa em cada jogada construo um hexagrama que pode se duplicar, caso exista o acaso (que não existe, leia Kardec!) de termos três caras ou três coroas em pelo menos uma jogada. É bem mais simples e muito menos esotérico ou cheio de preparações do que os outros oráculos acima mencionados...
Entenderam todo o procedimento acima? Pois bem, esqueçam, na verdade faltaram-me moedas por lá, joguei o I Ching mesmo foi no aplicativo de celular que baixei (Ah, essa tal mudernidade...). Mas, moedinhas à parte, a resposta foi bem interessante, e que serve de entendimento para os próximos posts... só espero que tenham um pouco de paciência para lê-los...
Ah, por fim: eu sempre tenho o salutar hábito de jogar o I Ching no final de cada ano para perguntar invariavelemente a mesma coisa: "O que eu devo fazer ou esperar para esse ano que vem?" As respostas costumam ser certeiras (impressionante!). E esta, bem, leiam vocês mesmos...

 Hexagrama 63 (Após o fim): "Sucesso em pequenas coisas. A perseverança no curso correto traz recompensas, Boa sorte no começo, desordem no final" Quando se obtém o sucesso e se está no auge é que começam os desafios para a sustentação dessa ascensão. nenhuma plenitude, porém, pode ser mantida infinitamente. Esta é a lei do Universo, assim como o Sol a partir do meio dia dirige-se ao crepúsculo, tudo tende ao declínio naturalmente. É por esta razão que um progresso maior só pode ser obtido nos detalhes, em pequenas coisas. O perigo existe quando se relaxa o esforço, deixando que as coisas sigam seu próprio movimento, já que tudo aparenta estar bem. É nisto que reside a raiz da decadência que apressa a desordem final. A desordem, porém, não é uma fatalidade. Aquele(a) que conhece as leis da alternância dos ciclos de prosperidade e de declínio pode administrar os efeitos da inércia e prolongar, graças à perserverança correta, as épocas de prosperidade. "Refletir sobre o infortúnio e se previne de antemão contra ele". São as forças antagônicas que geram energias necessárias à humanidade e ao cosmo, Tais forças exigem a máxima atenção para que possam ficar em relativo equilíbrio e evitar os danos. Você deveria aproveitar esse momento que aponta para um declínio para desenvolver a cautela e a prudência. Deve-se reconhecer os sinais do perigo e saber como afastá-lo no momento oportuno através das precauções necessárias. Acima de tudo, não tente manter a ilusão do ideal que existe agora.
Quarta linha móvel (ou seja, ocorreria três caras ou três coroas, caso fossem jogadas moedas): "As melhores roupas viram farrapos. Seja cauteloso durante todo o dia". Quando pressentir o menor dos perigos, seja ele qual for, não negligencie. Em períodos de fertilidade tudo tende a ser esquecido, criando uma paz superficial. Resolva os problemas para que sejam evitadas maiores consequências.
Em razão desta quarta linha móvel originou-se o Hexagrama 49, este sim, beeeem sinistro para quem acompanha esta blogueira a um tempo razoável, ou para quem conhece um pouco minha história...

Resultado de imagem para hexagrama 49 Hexagrama 49 (Revolução): "É necessário uma revolução seja em seu ambiente, seja em seu modo de agir". A revolução em si não é algo ruim, vontades diversas propiciam a mudança e a revolução. O fato é que a renovação só alcançará crédito e confiança quando estiver completa, o que significa que as iniciativas e as mudanças devem vir primeiro e que apenas mais tarde se obterá a confiança da maioria ou a concretização da mudança. Mas para que o êxito seja consistente e alcance estabilidade, é indispensável manter a correção da conduta e a cautela, e permanecer atento para agir de modo adequado e no momento oportuno. A revolução é um recurso extremo que só deve ser utilizado quando não há outra saída. A precipitação e a ansiedade, nas épocas de grandes transformações, não só tornam mais inflamadas as forças em jogo, como também podem levar a guerras inúteis e intermináveis. Uma vez vitoriosa a revolução, o arrependimento desaparece, os cuidados e as preocupações se acabam. Estar receptivo às atividades renovadoras das forças celestiais e terrestres permite que tudo se cumpra de modo adequado. "Os tempos mudam e, com eles, as exigências". Assim também mudam as disposições humanas, as estações do ano, e os ciclos cósmicos, em sua infindável renovação. É preciso regularidade dos ciclos e de suas fases. Quando descobrir a ordem que se esconde por trás das mudanças aparentemente caóticas da existência, poderá prever o rumo dos acontecimentos e se adaptar às circunstâncias e exigências dos tempos.

Sinistro não? E isso foi em janeiro. E os frutos desta leitura estão começando a aparecer agora em abril... continuem lendo e saberão...

quarta-feira, 8 de abril de 2015

A Volta Da Que Não Foi

Sumido Diário,

Eis que te encontro aqui, velho amigo empoeirado de recordações malucas que vivi no ano passado mas que foram altamente gratificantes... serviu, de um certo modo, para fixar aspectos da minha personalidade que deixei, voluntaria ou involuntariamente, consciente ou inconscientemente, de lado nestas quase quatro décadas de vida incompletas... 
Sacudo a poeira de sua capa e vejo o quanto que deixei de registrar aqui o que aconteceu nestes últimos meses...
Mas, se como tudo na vida tem uma explicação, esta também não deixaria de ter. Ei-la:
Os últimos posts estavam ficando decididamente amargos para mim. Iria mexer em situações íntimas que não queriam perder a sua intimidade de maneira nenhuma, ainda que partisse de uma personagem praticamente anônima, como eu. Também iria registrar aqui vários dos meus fracassos em tentar viver uma vida mais condizente com meu lado feminino, o que, também, não é o objetivo primordial deste blog...
Engraçado... relendo alguns posts antigos, vi que muito falei de mim e pouco falei das minhas expectativas, digamos, profissionais... espero que esta nova fase reequilibre a balança, corrigindo esta equação... mas, como era necessário usar este espaço ainda que de forma torta como o analista que nunca tive, o desabafo que nunca dei, era necessário, estritamente necessário que os primeiros noventa e dois posts deste blog fossem feitos nesta direção...
Mas agora... certas coisas mudaram... de uns dias pra cá muita coisa mudou, muito vento foi soprado em frente a uma direção realmente inesperada mas que aos poucos anda tomando uma forma um tanto quanto nebulosa ainda... mas, como diria Zeca, o Pagodinho, vou deixando a vida me levar (embora não goste muito deste conceito, maaaaassss...). Se a preguiça não me impedir, contarei tudo nos próximos dias; atualizarei meu status quo ante, retomarei a história de onde parou...
Velho Diário, não vou mais te maltratar... tirei tua poeira e vi que restam muitas páginas ainda a serem escritas. 
Muita vida a ser contada.
Muita vida a ser vivida.
Aguarde(m).