quinta-feira, 28 de maio de 2015

Família III - O Sarcasmo

Familiar Diário,

Os leitores mais atentos vão perceber que escrevi anteriormente que uma prima, até então a única que sabia de mim... pois bem, é verdade. A verdade começa a penetrar (sem duplo sentido, por favor!) na família, e mais uma prima querida, que espero que esteja lendo este blog, também soube de mim. Obviamente, o roteiro não saiu diferente do que sempre acontece em situações como esta, que basicamente é o seguinte:

Vanessa - Eu gosto de me vestir de mulher
Pessoa - Hahahaha, tu tá de sacanagem! (o tempo de risada varia de acordo com o humor do interlocutor)
V - Estou não (e tento ser o mais séria possível)
P - Ah, para, seu sacana.
(Eu paro, realmente. Fico séria)
P - É verdade isso? Mas, como assim? Desde quando? ("Desde quando eu era um espermatozóide pulando no saco de papai pensava em usar batom, querida!")
Aí a conversa envereda para os tópicos obrigatórios:
P - Mas sua mulher? Ela sabe? E teus pais? Eles sabem? Sabe(m)?! E o que diz(em)?!
Depois de uma meia hora explicando que até a foto dos seus pais já te viu perambulando de camisola pela casa, a pessoa começa a cair em si:
P - Nossa... deve ter sido muito difícil para você, né? (Nada! Parafraseando o sumido Jota Quest, foi "fácil, extremamente fácil, pra você e eu e todo mundo sacanear junto...")
E aí a pessoa termina a conversa contigo exaltando sua coragem (Hein? Cadê?) e dizendo que deseja toda a sorte do mundo (eu não jogo na sena...) para você e lhe dando dicas de como superar isso (como se todos fossem experts neste assunto...)

Antes que as primas para quem contei achem que eu as estou sacaneando, advirto: não estou. Até porque, nosso interlocutor acima vai encerrar fatalmente a conversa com esse batido chavão: "Você desculpa a minha reação, mas nunca ouvi falar nisso antes". E você, com pena do sujeito, se sente portador de uma síndrome que acomete 1 em cada trezentos milhões de habitantes no mundo (o que, convenhamos, tem lá o seu fundo de verdade, nem tanto pela raridade, mas mais pela síndrome mesmo...)
E eu tenho que entender como o mundo reage a mim. Como algo, na mais branda das hipóteses, exótico, um "eu, hein, cada coisa..." ambulante...
Mas, fica aqui a pergunta: como o mundo vai me entender? De novo, Legião, "Quase sem querer": "Quantas chances desperdicei quando o que eu mais queria era provar pra todo mundo que eu não precisava provar nada pra ninguém..."
Perdoem o sarcasmo. Mas vocês imaginam se passo por essa conversa umas vinte vezes na festa? Cadê a paciência que falei no post anterior? Só mesmo se juntasse todo mundo e fizesse um discurso. Ei, espere aí, sabe que não é uma má ideia? Hmmmm.....
(Tremei, primas! Aguardem a festa!!! #preparandoodiscurso)

PS.: Para não terminar este post muito deprê, fiquem com a música que mencionei acima. Eu já falei aqui o quão ela é importante para mim. Tenham paciência e achem! Tchau!


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